Jen Leffler adentrou o mundo de Harry Potter pela primeira vez quando era um adolescente no subúrbio de Chicago. Uma década mais tarde, o caso de amor continua. Só que agora isso significa pegar a estrada para fazer shows em vários lugares dos Estados Unidos.
Inspirado pelos personagens e pelas histórias do intrincado mundo de fantasia de J. K. Rowling, centenas de bandas devotadas a Harry Potter foram formadas em anos recentes.
O gênero tem seu próprio nome (wizard rock, rock mágico) e uma moda por trás (que imita os uniformes da escola Hogwarts) assim como um lema faça-você-mesmo (a maioria das bandas agenda os seus próprios shows).
Com um público jovem e fã de livros, bandas como Draco and the Malfoys, Tom Riddle and Friends e os Moaning Myrtles tocam tanto em clubes de rock quanto em livrarias, bibliotecas e salões de igrejas.
Mas o movimento cresceu o suficiente para ter o seu próprio circuito de festivais de verão. No final de semana do Memorial Day, feriado que homenageia os heróis de guerra, mais de 300 fãs se reuniram em um acampamento da Associação Cristã de Moços e até o final do verão outros eventos vão ocorrer em Nova York e Chicago.
"Muitos não têm amigos no lugar de onde eu venho", disse Jen Leffer, que planeja se mudar para Louisville para se juntar a uma amiga que conheceu em um fórum na internet. "E então essas pessoas encontram 200 amigos aqui."
Enquanto o nome das bandas e as letras homenageiam o universo ficcional de J. K. Rowling, a música percorre vários gêneros, de música de violões a country com banjos, passando por soul.
"As pessoas pensam que música baseada em Harry Potter será algo meio superficial ou cheia de truques", disse Matt Maggiacomo, que forma sozinho um grupo conhecido como Whomping Willows.
Maggiacomo, de 29 anos, é um veterano da cena musical de Rhode Island. Mas não foi até ele descobrir o rock mágico que ele conseguiu deixar o emprego como redator e se focar na música por tempo integral. Um público de 500 pessoas assistiu ao primeiro show.
"Este foi meu primeiro show onde todos estavam focados na música, ele disse. "Muitas vezes, antes, havia 15 pessoas na platéia e eles estavam mais preocupados em ficar bêbados ou conversar com outras pessoas."
Lugares longínquos
O festival no Missouri atraiu fãs de lugares longínquos como Escócia, País de Gales, Canandá e África do Sul - muitos visitavam os Estados Unidos pela primeira vez.
Esqueça Nova York e o Grande Canyon. Para esses visitantes de primeira viagem, a comunidade de rock mágico é a real atração, disse a organizadora do festival, Abby Hupp.
"Eles vêm aqui e há um sentimento de pertencimento", ela afirma. "Se você percebe que até pessoas totalmente estranhas vão te amar, isso te muda. Você se torna uma pessoa mais aberta, mais feliz."
Nesse tipo de eventos, a música vem com uma mensagem. A mesa que vende merchandising não tem apenas camisetas e CDs, mas também pulseiras que pedem pelo fim do genocídio em Darfur, na África, e adesivos que promovem a leitura.
Como fundador da organização sem fins lucrativos Harry Potter Alliance, Andrew Slack usa o rock mágico para promover o ativismo social entre o que ele chama de integrantes do Exército de Dumbledore, o grupo da Escola de Bruxaria e Magia de Hogwarts que se armou para combater a intolerância e defender os ensinamentos do sábio professor de mesmo nome.
Experiência solitária
"Literatura vem sendo uma experiência solitária nas décadas recentes", disse o ex-comediante de 28 anos. "Mas pode ser algo comunal."
Para Slack, isso significa cabines para se registrar para as eleições em shows de rock ou folhetos em que se alerta para a consolidação dos grandes grupos de mídia ou aquecimento global.
"Nós estamos tomando as mensagens da arte e colocando-as no mundo real em um modo tangível", ele disse.
Com o final da série de sete livros de Harry Potter, alguns fãs da cena do rock mágico pode ter vida curta.
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